sábado, 24 de outubro de 2009

Poema das mãos lavadas

Peguei o telefone
Disse o que aconteceu
Nada
O que aconteceu
Foi isso
Meu esforço para um enlace
Meu sofrimento por falar demais
Agora eu saio, eu deixo todas as ações
Eu me resigno na minha irracionalidade
Rôo as unhas, rôo o tempo
Fico feliz por saber que estou sem culpa
Mesmo assim eu vou ter que ceder?
Não espere mais... E esperava?
Rôo as unhas, rôo o tempo
Vou chorar de raiva
Vou ficar no meio do tempo
Vou amarrar-me numa cadeira
E lembrar que a culpa é sua o dia todo numa gravação que farei
Num desenho que rabisquei
Numa imagem que eu sei
Que a culpa é sua
E eu o condeno
E eu o condeno 
Lavo as mãos agora

domingo, 11 de outubro de 2009

A mão

Ontem eu escrevi um poema
Depois disso rasguei a folha
Jurei que não mais escreveria
Mas se fosse questão de escolha...

Há tempos estaria mudado
Tinha deixado a esperança passar
Tinha esquecido que estou cansado
E talvez as dores iriam cessar

Quem disse que não tento parar?
É um árduo trabalho esse meu
Vivo a tentar me aleijar
De uma mão que me entristeceu

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Claustro

Resignação forçada, dias quentes e suor fétido
Tédio total, livros inatraentes
Violão sem novos sons
Cômodos superinvestigados
Aparelhos sem novidades
Cérebro direcionado
Massa corporal direcionada
Vida direcionada
Mundo pequeno, grande demais
Nada de Alberto Caeiro

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Caderno de Matérias

Escrevo nas repartições dos cadernos
Quando não há outro espaço...
Sempre arranco depois as folhas
Mas o problema é que estava me sentindo incompleto
Não que eu seja pleno
Geralmente me refugio em algo
Lembrei-me que ainda podia escrever nas repartições
Fiquei aliviado
O clima daqui não é muito agradável
Fico com vontades incognoscíveis
É passageiro
Eu ainda posso relatar minhas lamentações
Já faz um tempo, muito tempo mesmo que procuro me conformar
Havia esquecido essa parte litigiosa entre os conhecimentos
Será se tudo é assim mesmo?
O caderno de matérias é um plano ideal onde a disjunção dos conhecimentos é possível
Eu, na minha inquietância, sempre junto esses mundos com minhas angústias
É sempre assim, quando procuramos unir as coisas:lamentável

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

...

"Não fui o que os outros foram

Não vi o que os outros viram

Mas por isso, o que amei,amei sozinho."


Edgar Allan Poe

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Como se diz


Meu novo momento
Estou como se diz por aí, como se diz mesmo...?
Não sei como se diz, sei como se faz, não se faz
Não se doe tanto rapaz, alguém me disse isso
E eu estou prestes a economizar minha atenção que impregna
Você não vai se dá conta, isto me irrita, deixa-me com respiração ofegante
Mas passa, tudo passa, como se diz por aí, isto eu sei como se diz, agora como se faz...

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Solto

Respirei forte
Decidi correr esses riscos
Sou do tipo inseguro, infantil, emburrado
Sou do tipo agradável
Você com sua auto-estima
Eu com minha depressão
Combinação perfeita
Faz dias que estou me sentindo preso
Sem soluções catastróficas até
Só essa sensação de olhos arregalados
E agora?
Vai saber!
É triste, é tudo muito triste
Eu apenas faço uso de uma razão incompatível
De um sentimento que às vezes me assusta
Seja forte, diz ele, mas minha desmotivação com o mundo, onde fica?
E assim vamos levando, vamos levando!

sábado, 25 de julho de 2009

Retórica da Renúncia (trecho)



Essa sensação nova de não ter mais medo de perder aquilo que ainda tenho tanto amor. Pois é, estou me saindo um belo idiota. Eu odeio o silêncio dos meus elogios. Ainda me iludo ao esperar uma retribuição a altura. Ridículo!
Tudo inconformismo, pode investigar, é somente uma frustração reinante de estar sempre pedindo algo, que me desorienta. Há dias não escrevo, justamente por que ando falando demais, mas o fato é que essa minha tagarelice é sinal de felicidade, coisa que me é estranha; inesperadamente veio. Uma felicidade que é minha e isso é ruim. Eu fui quem tentou ficar nesse estado de alegria. Sentia que meu orgulho estava morrendo, alguém como eu não pode perder nunca essa cabeça dura já que sou fraco e impaciente e sem tal sentimento facilmente seria humilhado, coisa que já acontece na minha vida doméstica por aqueles a quem as providências econômicas engendraram um sentimento de superioridade e justificação pra tudo.
Contudo, quero falar de mim inserido na vida de outrem. Será que nunca vou me conformar em ser uma criatura de qualidades extremamente implícitas? Estou condenado a passar o resto dos meus dias num esforço exorbitante de mostrar o que tenho de bom para ganhar elogios pobres? Sou muito exigente, não nego!
Isso tudo que chamo de percurso não tem sido muito bom. Há quem diga: tudo orgulho. A felicidade, contudo que preciso pra poder me iludir é quase muda.

A personagem, que não se identifica

domingo, 19 de julho de 2009

Sonho Bom


Sonho bom, esse que me diz
Você já não ver como queria, tudo arde agora
Essas suas ânsias...sonho bom
O mundo é um lugar desamparador
Agora ele é assim, quando você descobriu que só tinha a voz
Nada além dos fonemas esperançosos que anunciavam seu belo desejo, que apesar de ser muito, mas muito bom, nem podia ser dito por alguém que finge ainda ter sonhos.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Foi assim:


Quando acordei, percebi, foi hoje

Sou romântico, leio poemas, faço carinhos

Sou romântico, um boêmio com o violão

Deixo transparecer agora, eu de olhar sério e diálogo superficial, sou romântico

Peço coisas de casais, coisas comuns, abraços e juras de amor

Nisso sou uma pessoa qualquer, alguém sem atrativos mas sendo atraído

Mesmo que não dure, mesmo que seja uma experiência, não importa

Me conheci mais um pouco, por tudo que me destes com suas correspondências : sou romântico!

sábado, 6 de junho de 2009

Invisível

Preciso me tornar uma pessoa qualquer
Alguém sem nenhum atrativo
Preciso ser esquecido
Quero poder estar sem ser notado,
Desejo a total monotonia e uma vida sem perguntas, sem histórias anormais
Quero viver anonimamente, deixar resultados insignificantes
Não posso ter que ser de outro modo
Mas esta minha existência que provoca curiosidade me frustra
Por quê? O que há demais?
Eu me inundo de raiva
Não queria existir e sendo este meu carma não vou agüentar ter uma vida diferente, não que eu odeie isso, contudo não estou disponível a perguntas, não estou disponível pra nada
Quero olhar meu corpo e não notar nada de estranho
Quero que minhas atitudes não provoquem dúvidas
Quero estar do jeito q não se vê

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Retórica da Renúncia (trecho)


“Estou presevando uma impossibilidade. Os meus atos não correspondem, não correspondem mesmo mas faço, eu continuo como sempre venho fazendo , e este sempre ter que fazer, ter que pensar, ter que planejar incasavelmente o que eu já sei, não acontecerá. Lixo,sou um lixo de desesperanças, que apesar de me autodepreciar desta maneira, espero que não veja como pessimismo, são cosntatações lógicas e compreensíveis, nada mais, do meu ser sobre o percurso que por infortúnio prematuramente está inutilizado devido a consequencias casuais que envolvem esta materia, esta materia a qual incompreensivelmente preservo. Não chegarei a bons resultados, bons resultados para os que lerão isso, já que pra mim de uns tempos pra cá esses juízos são ridículos e ainda constituem o conjunto de ideias que me fazem sorrir sarcasticamente. Espero, não nego essa minha ânsia, que eu consiga não mais me preocupar,( se no fundo o meu destino me e´tão previsível) com mais nada, isto é, simplesmente com a vida”
a personagem, que não se identifica

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Posses


Minha idéia de felicidade: algo estranho e vazio

Minha falta de controle: egoísmo e prepotência

Minha forma de ajudar: de longe de longe...


Quando paro de escrever penso em viver normalmente

Mas cá estou eu mais uma vez no precipício da escrita


Minha angústia materializada: escrever

Minha forma de amenizar isso: algo estranho e vazio

terça-feira, 5 de maio de 2009

Caras


Eu não posso errar a seus olhos

Não posso

Vivo pisando em ovos

Vivo pisando em ovos

Vivo

E quando faço o que quero estou errado

Quando sabe que fiz isso sai do meu lado

Sai do meu lado

Eu sinto tanto ter que sentir e só eu sinto

Já faz uns dias mas eu não minto

Não minto

Pessoa presente, pessoa ferida

Pessoa gentil, pessoa egoísta

De duas caras eu sei que é feita a vida

sábado, 2 de maio de 2009

Papéis







Esta minha sinceridade, eu sempre buscando a mudança mas um fato novo nunca surge. Voltei a não ter ilusões, que ruim!
Quero essas expectativas que deixam aquele sorriso brotar mais leve, que me sublevam, faz eu criar programas, oh, vãos programa; será? Assim eu me torno fútil!
Devo me redimir? Por quê? Realmente busco, não posso mentir embora não me resuma a isso se quer saber; sou uma síntese de vários elementos sem importância, aquilo é só mais um. Só sei ser assim, com essa subjetividade escrita, gritante, reinteradora, mórbida.
Ah! quantos adjetivos , quantas qualificações pra nada, simplesmente pra poder me sentir novo num estado onde a velhice mental estampa em mim suas etiquetas mais nocivas. É uma solução, é o que encontrei de mais vantajoso e menos doloroso de te contar o que por falta de dinamismo visual nos comprometeu. E tudo que me pertence são esses sentimentos imprestáveis, eu me culpo, oh, que torturante o meu comprovador emocional. Categoricamente me explicita verdadeiramente de início a minha falha, o meu dedo errado.
Por que me resumi a uma pessoa que só escreve? Por que a vida me arde como um ácido? Por que minhas indagações são tão desconexas?
Talvez eu esqueça de tudo isso e será um bom acontecimento, se eu não esquecer vou voltar a escrever e isso foi no que me tornei, no que tenho medo de nunca deixar de ser: alguém que se sente bem com papéis, só com papéis.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Piada Pandêmica

Railane : Denise fiquei sabendo que vc tava morta de brisada lá na praça do ininga
Rodrigo: Ah, também fikei sabendo!
Denise:Rum, ki história é essa Rodrigo?
Rodrigo: Um passarinho me contou, pena que ele morreu com gripe aviária!
Railane: E o meu que foi um porco!

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Retórica da Renúncia (trecho)


"Por razões supérfluas desisti. Contudo é cada vez mais intrigante o meu comportamento:parece que não desisti. Preciso ir naquele lugar de novo, ver novamente aquilo que me desorientou e desmotivou para eu saber que ainda faz sentido eu não ter vontade de continuar. Tenho medo!Se me aceitarem? Vou ter que renunciar tudo o que não construi? As minhas condições para passar mais uma vez pelo processo de desistência são fracas. Erigir toda uma esperança e depois ter que abandoná-la pelo simples fato de ela não existir assusta-me! Fico em pânico quando lembro que isso é certo como morrer, principalmente eu que tenho essa tendência horrível de complicar a desilusão. É por que não é bom nem ruim, não há saúde nem enfermidade e esse estado de nada nos habitua tanto a ficarmos em cima do muro que qualquer trauma pode destruir o que não se quer nunca que se construa e é exatamente por aí que devemos observar. Não estou aqui e nem queria estar de forma alguma."(pág 7)


Por: A personagem, que não se identifica

terça-feira, 28 de abril de 2009

Aff










Sou fraco de mente, de corpo, de audição
Eu nunca consigo me conformar, sendo essa errância que me segue tão persistente e presente
E que experiência eu obtive?
Eu sou o mesmo, aquele que sempre voltou nas mesmas falhas e de novo põe-se a lamentar
Numa eterna denúncia dos outros, e somente do que me é externo
Eu consigo muito pouco, meu equilibrio é mais frágil que casca de ovo
E por esses tempos achei melhor me envolver, sempre no que me nega, desde o início já sei o fim
Sou esse alguém, esse ser que comporta tantas qualidades que para o que procuro somente atrapalham
Voltarei a falar disso brevemente, estou no porvir de desilusão mais previsível e bestial possível
Tornei-me uma rotina pra mim,olha só, logo pra mim que já sou eu e tenho que aguentar eu me reclamando do que fiz
Saco!

domingo, 26 de abril de 2009

De Longe


Quero te dizer o quão te desejo
Essas desculpas, esses momentos

Que trazem à mim infinito tormento

Tentam acalmar o que só vejo
O que só vejo

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Vidência









Quero usar palavras novas, vocábulos novos
Que exprimam minha renovação
Esses termos senis me deixam num asilo
Quero um neologismo, qualquer expressão que conote esse estado comum, já que tudo é tão corriqueiro de um tempo
E se fosse só esses anseios...
Se fosse realmente só isso que me deixasse de bengala estaria aliviado
Suas palavras novas chegam nos meus tímpanos caquéticas
É como se eu já soubesse
Como se sua retórica fosse a mais previsível do mundo
Não pense, não formule nem organize nada
Estarei observando tudo
Quero evitar observar o que vai fazer
Deixe- me inacessível a seus planos

domingo, 19 de abril de 2009

Mais um poema de Mirian Cardoso; esse dá uma nostalgia...


Eu pensei em você de novo

Eu acho que você deveria ser emoldurada

Em alguma galeria de artes finas

Eu sei que você descordaria comigo

Mas eu te amo de qualquer maneira

E deveria eu escalar alto

Meus muros melancólicos

Fazem-me sentir tão pequeno
Oh deixe-me desaparecer

Essa cidade é tão fria e velha
Eternamente chuva ou neve

Eu realmente amaria vir e ir
Oh, você não ficará comigo?

Eu sei que você descordaria comigo
Eu sei que você descordaria

Mas eu te amo de qualquer maneira
Você estava em minha mente

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Pra Aprender











Hoje descobri tudo
Sempre espero estar em dúvida
O que quero é escorregadio
Pois quero algo lógico e temporário
Não sei dizer : absolutamente
Só distrações
Vou contar o que descobri:
Minha frágil expectativa não deu em nada
Nossas mentes já notavam esse desfecho
Por que fechamos os olhos?
Por que estávamos galgando uma situação por puro capricho?
Não deu em nada;já sabíamos
Desde aquele momento idiota
Desde aquele pedido inaceitável
Desde o instante que jurei estar disposto
As palavras conotam sentidos estranhos em mim
Elas me dão significados superficiais
Eo que descobri foi que desejo ser como essas palavras já que de profundidade tenho medo, principalmente quando se estar só!

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Questão de Impulso

Habituei-me a mudar
Correspondo sempre de forma nova
E se não mais te reconhecer
Se não mais me acusa em nada é por que já não penso o que fiz e se fiz foi puro impulso, impulso de nunca ser previsível
Não por querer ser previsível mas por uma questão de impulso
Por saber que quando acordar amanhã posso estar arrependido de tudo que falei hoje e depois me arrepender de tudo que falei ontem que será o amanhã
Assim eu metamorfoseio minhas concepções
Sobre tudo, tudo mesmo
Essa seleção natural de repúdio a rotina deixa-me vivo
Tornei-me humano
Se eu mudar de repente não se magoe
É corpo e mente se habituando, sempre se habituando
O que eles querem é nunca se habituarem definitivamente

terça-feira, 24 de março de 2009

quinta-feira, 12 de março de 2009

Ignorância

Há dias me desconheço
Por inteiro
Há dias te desconheço
E essa parte que vejo, essa parte insultante, essa parte que não me cabe
Em mim é tudo novidade
Vivemos pra isso
Confesso que já era hora das rosas murcharem um pouco
Impossível não acontecer
Foi assim
Eu descobri essas partes em mim e em você
Mas agora te conheço
Sei dos seus motivos, das suas reações
É diferente
Eu fiquei sorrindo diante dessa sua parte
Por isso me desconheço

Erro

O imprevisível aconteceu, o previsível não
Eu sou assim
Recebi seus conselhos, suas opiniões...
Agora sou o que vê, sou recolhido, e ser eu era um problema
Esperei tanto por isso e você o tornou um momento patético, sem importância...
Se algo em mim o deixa bem é porque deve estar louco, sem noção
Eu errei e sabia
Eu queria que voçê me dissesse que eu estava enganado, você continuou....
Eu posso ser essa pessoa que quer que eu seja agora mas você nunca vai ser quem eu quero que seja

domingo, 1 de março de 2009

Meu Demonstrativo


Isso
Esse alvo da minha vida
Porque só lembro disso, só disso?
Os outros no maximo sabem
Mas eu sei demais
Fiz disso meu passa - tempo
E já não seria eu sem isso
O fim, a decomposição de tudo...
A existência inicial, intermediária são assuntos longe de mim
Parece que tudo gira ao redor
Ao redor disso
Não é!
É loucura, eu sei que é!
Porém...
Já não vivo mais sem isso
Sem essa falta de expectativa,
Essa apatia que me conforma,
Essas tardes que me incitam a só pensar e pensar...
Adivinha em quê?Nisso
Perdi o medo
Perdi tudo só pra pensar nisso

Pendência

-Temos um assunto pendente
-Pois é
-Mas você nunca fala!
-Às vezes nem precisa
-Precisa sim!
-Por que repara tanto no movimento dos meus olhos quando afirmo algo?Pensas que minto?
-Aff, claro que não!
- Então não tira nenhum proveito deles já que quer tanto que eu fale?

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Adiamento

Depois de amanhã, sim, só depois de amanhã... Levarei amanhã a pensar em depois de amanhã, E assim será possível; mas hoje não... Não, hoje nada; hoje não posso. A persistência confusa da minha subjetividade objetiva, O sono da minha vida real, intercalado, O cansaço antecipado e infinito, Um cansaço de mundos para apanhar um elétrico... Esta espécie de alma... Só depois de amanhã... Hoje quero preparar-me, Quero preparar-rne para pensar amanhã no dia seguinte... Ele é que é decisivo. Tenho já o plano traçado; mas não, hoje não traço planos... Amanhã é o dia dos planos. Amanhã sentar-me-ei à secretária para conquistar o mundo; Mas só conquistarei o mundo depois de amanhã... Tenho vontade de chorar, Tenho vontade de chorar muito de repente, de dentro...
Não, não queiram saber mais nada, é segredo, não digo. Só depois de amanhã... Quando era criança o circo de domingo divertia-rne toda a semana. Hoje só me diverte o circo de domingo de toda a semana da minha infância... Depois de amanhã serei outro, A minha vida triunfar-se-á, Todas as minhas qualidades reais de inteligente, lido e prático Serão convocadas por um edital... Mas por um edital de amanhã... Hoje quero dormir, redigirei amanhã... Por hoje, qual é o espetáculo que me repetiria a infância? Mesmo para eu comprar os bilhetes amanhã, Que depois de amanhã é que está bem o espetáculo... Antes, não... Depois de amanhã terei a pose pública que amanhã estudarei. Depois de amanhã serei finalmente o que hoje não posso nunca ser. Só depois de amanhã... Tenho sono como o frio de um cão vadio. Tenho muito sono. Amanhã te direi as palavras, ou depois de amanhã... Sim, talvez só depois de amanhã...
O porvir... Sim, o porvir...
Fernando Pessoa(Álvaro de Campos)

Titulo: ?

Sinto muito frio
Me desculpe
Eu amava aquele momento especial
Diferente de mim
Eu sinto muito frio
Mas isso foi só uma desculpa
E minha face começa a tremer
Os meus pés...
Já não sentem frio
Diferente de mim
Eu sinto sua falta
Aquele momento único
Eu amava
E eu não aguento
Escuto sua voz meiga e suave
Não sei porque quero sair
Qual o problema?
Eu sei que não há mais ninguém
Diferente de mim
Eu quero esquecer
E sentir frio


Mirian Cardoso

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Inconstância

Estar ou não estar?
Eis a inconstância
A cada dia da semana
A cada passo a cada olhar

Estar bêbado ou sóbrio
Que diferença fazerá?

Eu não quero a imobilidade
Ou em mim um sentimento pétreo
Eu quero estar como quero estar
Mesmo que para isso eu esteja ébrio

Estar ou ser?
Que diferença faz
Se é nós ou Shakespeare
Se é isto ou aquilo como já dizia Cecília ?



De: Rodrigo e Luma

Conselho

Eu não tenho medo de dizer o que sinto
Eu tenho medo de que o que eu sinto pode causar
Eu não tenho medo de existir mas confesso que isso é frustrante
De tantas vezes que me perguntei se minha alma é mesmo pequena
Pois quase nada mais vale a pena
É terrível não encontrar nenhum subsídio
Você está aí
Ainda consegue achar tudo lindo
Ainda pensa no futuro
Isso é muito estranho pra mim
Não pense em ironia agora
Procure sempre ver que ainda faz mesmo algum sentido
Não deixe ninguém tirar isso de você

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Berlim

Os diálogos novos
Essa flexibilidade que me deixa desorientado, sem pontos , sem marcações
Os diálogos modernos
Tudo depende disso , daquilo
É mágico!
Nada se tem de forma clara
Cadê a certeza?Isso não existe
A garantia de que se fala
Somente que se fala
Mas nunca do que se fala
Os diálogos que presencio, cheios de imprecisões
Fomos nós
Nós contaminamos o mundo com essa falta de referencial
Com essa falta de homogeneidade
E os dedos que apontam
Já não possuem conclusão absoluta
Não denunciam coisa alguma
Só se sabe que estão estendidos
A vida agora é saber que as coisas existem sem ter que limitá-las

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Eve

Se eu pudesse rolar sobre seu corpo
Dizer no teu ouvido os mais lindos versos
Fazer tudo, como tocar seu rosto
É assim que te desejo: sem crítérios

Se eu dissese isso que sinto
Vós jogaria em mim seu doce veneno?
Ou me amaria pois sabe que não minto
E ver que por te estou quase morrendo?

Nunca por outro alguém chorei
Mas por vós minha vida é só pranto
A tristeza me tortura que já nem sei
Quando de mim sai esse encanto

Vós está sobre mim como uma casca
Que cutuco pra tirar da minha pele
Mas parece que nem assim você deslarga
Pois se pregou em mim que já nem cede

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Aquele

Eu quero aquele sentimento
Aquele, lembra?
Faz tanto tempo, tanto tempo mesmo
Eu quis estar assim
Em fim cansei de me não me iludir
Estar tão seguro de si
Preciso daquele sentimento
Que faz crer que preciso
Que simplesmente preciso
Aquele! Não lembra mesmo?
Eu digo isso mas faz tempo que só o vejo de longe

sábado, 10 de janeiro de 2009

Pedido










Dái-me um beijo
Cadê? não vejo
Dái-me outro beijo que eu possa notar e anotar a precisão com que encaixa nos meus lábios
Vamos!novamente!
Ah, não vale selinho, nem quero só o beijo pois eu te almejo mas é de corpo inteiro
Teu bumbum e teu peito
Eu quero um pedido
Diga-me o que deseja
Lhe trarei com certeza
Nem que seja uma simples borboleta
Eu quero logo o beijo
Sutil e perfeito
Que se danem as borboletas

sábado, 3 de janeiro de 2009

Em Branco

Silêncio!
Estou sorrindo
Estou andando
Veja só o que acabou acontecendo
Tudo se foi por agua abaixo
Há tantas coisa para fazer
Principalmente quando os livros estão todos espalhados
O que eu sonhei nem se tornou pesadelo nem nada, virou um vazio expressivo
O que sonhei foi bobo
Sinto falta de nada
Tudo sempre foi assim
E acho que se queixar de algo seria um tanto anormal
Estou seco, sem nada do que recordar, ao menos para passar mais rapido as horas vazias e melancólicas que fico rindo e andando no meio do tempo
Olhando e lendio livros que nunca se renovam
Num lugar onde tudo deveria ser melhor nos meus sonhos que já nem acontecem
Tudo inexiste!
Queria uma companhia
Alguém que não tivesse cordas ou páginas

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Explicação

Se meu poema chora
Tudo foi jogado fora
Dado que nem esmola
Colocado numa sacola

Se meu poema é triste
Pois a felicidade não existe
E viver apenas consiste
Em busacar alguém que já foi embora

A Ótica do Corpo

Não que eu goste
Não que eu queira
Não que eu precise
Não que eu chore
Não que eu saiba
Só falei
Nem pensei
Já nem sei
Só pensei
Eu pensei em bons livros, bons filmes
Eu pensei no que eles me dizem
Tentei me empenhar em algo
Mas o ócio cobre meus projetos
A falta, essa ausência eterna de algum estímulo que explique a estrada que caminho
De uma asfalto do sangue das almas que esqueci
Eu não lembro mesmo de nada
Queria que soubesse isso
Eu nunca lembro de você
Não que eu não goste
Simplesmente eu a enxergo só com os olhos e não com o corpo

Poema das Vidas Curtas e Inférteis

Se eu amasse como queres
Viveria no desleixo
Tendo constante pesadelos
De um amor que não me serve

Pois só me enche de tristeza
Talvez um dia eu esqueça
Cabeça e tronco então se ergue
Pra outra batalha de amar
Sem mais rancor ir a enfrentar
Vidas vazias, vans, estéreis

Simplesmente













Sentimentos vazios me rodeiam
Sentimentos de puro sofrimento
Eu não vivo mais, eu não respiro mais
Fixou em mim teu espelho
Agora sempre vejo teu reflexo de negação , de impossibilidade
Ficar no teu domínio não é o que lhe convém?
Claro que não , sou imagem impensada
Tão esquecida quanto a paz
Uso assim essa metáfora
E a uso quantas vezes puder pois se esperneio por um sonho infame
tenho direito ao menos de falar que não ganho nada com isso tudo e que seus sentimentos em mim não chegam
Eu só reclamo,
Ainda posso
Mas e depois?
Eu morro!

Naglyv

Deslumbrante visão vós me oferece
Os dentes alvos, o peito macio
Agora sei que se de te se esquece
Aqui em mi só reina o vazio

Tenho que a cada segundo recordar
O quão tu foi um lindo desejo
Que em meu ser conseguiu aflorar
A ânsia incessante de te dar um beijo

Devo eu reclamar dessa tortura
Se esse desejo em nada me fere?
Pois te almejar é tão boa loucura
Que causa em mim prantos em série

Te jogar fora jamais farei
Abstrato ser da minha mente
O que quiser pra te serei
Já que eu o sofrer por vós só sente