sábado, 24 de outubro de 2009

Poema das mãos lavadas

Peguei o telefone
Disse o que aconteceu
Nada
O que aconteceu
Foi isso
Meu esforço para um enlace
Meu sofrimento por falar demais
Agora eu saio, eu deixo todas as ações
Eu me resigno na minha irracionalidade
Rôo as unhas, rôo o tempo
Fico feliz por saber que estou sem culpa
Mesmo assim eu vou ter que ceder?
Não espere mais... E esperava?
Rôo as unhas, rôo o tempo
Vou chorar de raiva
Vou ficar no meio do tempo
Vou amarrar-me numa cadeira
E lembrar que a culpa é sua o dia todo numa gravação que farei
Num desenho que rabisquei
Numa imagem que eu sei
Que a culpa é sua
E eu o condeno
E eu o condeno 
Lavo as mãos agora

domingo, 11 de outubro de 2009

A mão

Ontem eu escrevi um poema
Depois disso rasguei a folha
Jurei que não mais escreveria
Mas se fosse questão de escolha...

Há tempos estaria mudado
Tinha deixado a esperança passar
Tinha esquecido que estou cansado
E talvez as dores iriam cessar

Quem disse que não tento parar?
É um árduo trabalho esse meu
Vivo a tentar me aleijar
De uma mão que me entristeceu

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Claustro

Resignação forçada, dias quentes e suor fétido
Tédio total, livros inatraentes
Violão sem novos sons
Cômodos superinvestigados
Aparelhos sem novidades
Cérebro direcionado
Massa corporal direcionada
Vida direcionada
Mundo pequeno, grande demais
Nada de Alberto Caeiro