quarta-feira, 3 de março de 2010

O Amor na Fragilidade do Desejo

Para um mergulho: água? Não! Esqueci do meu paradeiro. Eu vivia num eterno andar aí parei; meus membros se esgotaram; só sei até onde fui, mas todo o resto já sabe o que vai acontecer. Perdi minha credibilidade: ninguém vai me contar o que está porvir. Preciso andar, quero recuperar a vitamina, o vigor. Não posso ser alguém apenas parado, mas sem paradeiro. Alguém poderia me encontrar, alguém me deve explicações sobre a inércia desse momento: eu parei e não sei pra que parei. Parei pra pensar por que ando tanto? Eu ando demais e resolvi saber o que vai ser de mim agora que não prossigo. Vou conseguir me defender? Retrair-me-ei do mal de quem anda que corre riscos, que pensa que a vida é seguir. E se for andar pra trás? Precisamos aprender a sofrer pra ganhar? Só quando sofro é que o medo me vem sem medo. Só quando tenho vontade de parar tudo é que não penso; por um momento eu não existo e como queria fugir desse destino! Essa vida não é seguir: é parar e pensar antes que o fracasso venha? Depois você existe sem sofrer tanto.
Eu parei pra observar os outros andarem. Eu não posso errar, mas também não posso mais acertar. É o jeito andar? Quem pode resolver? Deus? Os ensinamentos? Auto-ajuda? Não quero mais andar com tanto medo. Alguém já se foi antes mesmo de eu pensar, antes de eu vir a existir. Não compreende?
Perdi o controle do saber. Eu era feliz por que acreditava que estando em movimento eu teria a glória de ser gente; a humanidade é poder seguir. Tenho uma ética desorganizada. Quando você está por perto é uma coisa depois tudo se vai. Eu parei pra poder me organizar? Eu era sem padronização? Em 20 anos eu tive vontade de descobrir como era ser gente, fazer a vida ser. Eu parei só pra não me machucar? Não é coisa pouca; quem é gente não entende. Deus é sinal de continuidade. Eu vivo agora na previsibilidade de que nada pode acontecer, pois eu não penso, ainda não existo. Nada pode me ferir quando estou sofrendo além daquilo que me fez parar pra não poder seguir em direção ao que os outros já sabem.
O mês do sol forte me diz muita coisa. Sei de tudo e tenho uma boca inutilizada, o mundo parece que está pedindo uma utilidade. Não posso me doar; entenda que sou assim desde que resolvi deixar a singeleza. Na verdade eu estou sofrendo. É muito sangue em jogo; preciso me enganar constantemente com aquilo que meu lugar no mundo reclama. É um grito de volta, de permanência. Entenda que o melhor foi poder viver como se eu pudesse controlar todas as falhas que por acaso venham a acontecer. Diga-me: eu vou falhar? Eu já sou insuficiente, é tudo que me deixou. Você me fez crer que era bom dizer a verdade e por isso sofro, eu caio no chão e percebo a tolice de querer ser gente, de sentir esse mundo inventado. Eu vou construir um lugar onde eu possa organizar tudo de tal modo que o resto possa andar sem coçar a sobrancelha. Não impeça a vida de ser de outro modo, existem muitas formas de movimentar os sonhos sem que percam sua essência. A essência é estar em risco constante? Vamos ter que comprometer tudo que se tem pra saber até onde vai sua piedade? Ah não! Deixe-me mudar.
Minha vida não pode merecer somente o seu desejo. Em quero parar nesse momento e criar novas alternativas de poder estar. Não esteja como se pudesse ser somente aquilo que o desejo alheio alcança. Transcenda! Abra os cômodos, deixe o brilho do mundo contaminar seu lugar com as possibilidades de seguir. Isto está cada vez mais interessante; posso sentir o quanto de ódio reina no seu lugar. Eu quero um desejo que compreenda que posso ir além do seu alcance, que posso estar parado calculando as mágoas que sua ambição possui. Não me deixe como se eu fosse sem razão; tudo começou por que viver não podia ser apenas a distração das palavras. Precisávamos de sal. A salinidade trouxe a ânsia de poder ser mais com uma companhia. Sua vida está se enchendo como um balão que há pouco era vazio. Sua vida segue, você segue, o seu cachorro segue. É quando você só pode existir assim, de outro modo é o próprio suicídio. Você pára. Estanque aí, viva o que foi vivido e se situe nesta lembrança que assim o mundo percebeu. Se quiser posso compreender de outro modo? Como pode!
Jure agora, se ajoelhe e me implore para que eu esqueça da sua lembrança. Eu parei; só com muito amor eu poderei seguir. O amor era aquilo que eu conseguiria se continuasse fingindo. Na verdade não existe o momento certo de parar, nem sei se pode parar. Eu me confio. Desisto de problematizar a aspereza do mundo. Fui bom e fui modesto; compreendo os outros até o ponto em que não me usam como quero. Sabe-se tanto isso que eu coloquei um véu em mim. Virei alguém que se camufla para não ser incomodado com a terrível dúvida de saber se sou mesmo gente. Esse pedaço não é bom, esse rumo que tomo e assim eu o percebo; mude minha concepção de encarar o fracasso. Será que assim melhoro e prossigo? Como pode reintroduzir em mim novos conceitos sobre a ambição? Eu também quero aquilo que desejo por isso estou parado, meu desejo é lembrar o quanto seria bom se nós não desejássemos mais de uma vez o que já temos nos braços. Eu paro, sei que erro, sei que não posso perdoar o mundo por me fazer crer que só existe essa alternativa. Deixe-me usar minha incompreensão.
Quero a soltura de usar fonemas dolorosos. O que denomino mundo não é merecedor do meu problema. O mundo é a falta de solução? E como sei de histórias como essa! Histórias de raiva e necessidade. Reclame outro roteiro, eu posso te alegrar com diferentes desapontamentos.
No instante que vi o mundo, a este mundo que poderia se resumir ao que rodeia uma forma exterior ao meu lugar, tudo se mostrou como a razão única. Eu que arrisquei a embelezar a vida alheia e agora paro pra não lembrar que se eu continuar só mais um pouco terei que destruir tudo de novo. Isso é uma história de amor meu caro, um amor sem necessidade de existir por que este amor é um sentimento oriundo da vontade de poder conceituar o universo que rodeia um lugar que não é meu. É seu, é seu! Entenda que tudo lhe foi dado pra que usasse só quando eu fizesse o mesmo também; quebramos o acordo para um amor paralelo. Você queria senti-lo todo tempo, já eu era sem rumo quando os dias não se faziam longos; sou assim e não posso me dedicar. Quero encontrar uma vida paralela ao meu lugar. Parei pra saber se esse amor só pode ser assim? E se for?
Tudo acontecerá lentamente, rasgando minha expectativa sobre o mundo. O mundo é saber que eu poderia esperar e ter o aceno de segurança. Quando me lembro da tolice em ser normal, de me apegar com uma causa perdida... Oh desejo infame este que me tornou um conformado em seguir sem análise. Vamos esmiuçar essa relação. Eu quero saber se posso parar e viver o tempo que hoje quero que desapareça; essa sensação de que o tempo é o grande mestre da vida é uma tortura pra quem parou.
Estou procurando meus membros e minha razão para crer no seu olhar que se esquiva quando pergunto se não posso mesmo pensar de outra maneira. A sinceridade desse momento inunda meu lugar como se você fosse o único. Eu já não quero, não posso aceitar as experiências da vida. Juro que sei até onde posso ser depois já não hei de abdicar do sonho de me realizar sozinho, parado, frustrando-me a cada segundo com a idéia de dúvida, a desconfiança que tenho dos meus atos. Sou eu o próprio suspeito de não me realizar de maneira feliz; só na oposição dos sentimentos que você me dava é que eu queria ser gente, só ali.
Eu falho e não se preocupe, pois isto tudo é meu, eu falo de como é ser sem ambição, mas de observar sua tranqüilidade em descartar a singeleza pra poder sonhar como um anônimo. Não se anule, não vista um pedaço de tagarelice que ouviu. Você está aqui por inteiro, eu sinto, porém sua vontade de usar o mundo fez a lembrança disso tudo parecer uma pedra flutuando num copo de água.
Água! Jogue-me tão essencial elemento no meu lugar e o limpe de toda a ambição que um dia eu possa ter e começar a andar, o andar de busca. Não posso parar de andar, mas posso andar sem buscar um sonho que já realizei. Eu quero o aprimoramento da essência de sonhar e me sentir realizado eternamente. Palavras buscarei pra mostrar que tudo é simples como escrever tal desabafo. Chore por saber que não posso agüentar mais sua ambição. O que me consome é o seu lugar; quero ter a essência de um sonho sem outro sonho o qual possa destruir tudo como se só pudéssemos escolher e pronto. Posso parar e ver que a vida foi inventada pra ser assim.
Estou na unanimidade do seu pensamento sobre minha imagem: conceba-me de outro modo! O meu tom de aspereza é resultado da sua ingratidão.
Ah meu amor, não se anule! Seja para mim a fênix, sei que não é nada, mas você pode escolher tudo a seu gosto. Eu, por um tempo, pensei que e exclusividade do mundo poderia ser minha, mas eu só queria não ter que escutar a conformidade do fim vinda de alguém que depositei essa exclusividade.
Quando tudo se tornar do jeito que não mais nos admiraremos aí sim poderei olhar os objetos especiais. Sua decisão óbvia e esperada faz parte de um mundo que meu lugar não reclama. Eu preciso que entenda o quanto um desapontamento assim destrói minha expectativa com o lugar que quero. Encontre a solução quando falo que seu amor não existe; sua vontade de experimentar o mundo como se fosse a própria vida é a forma que encontrou pra poder ficar de consciência limpa. Eu estou chocado. A ambição que vejo é o próprio mal da felicidade.
E como um assunto puxa o outro...
A felicidade que encontrei foi a melhor até o momento, contudo essa sensação se tornou irreal quando renunciei a sua vida anônima. No lugar que estava eu realmente deixei de indagar sobre a existência de outras alternativas justamente por que eu não enxergava a sua forma comum. Eu sou especial por que deixei de cultuar um lugar que não deseja estabilidade; se parei foi por que creio que não buscando o lugar que já possuo posso ter a felicidade de me renovar quando souber do risco do desgaste.
Você se anula. Ah meu amor, mostre-me o que tem de especial. Sua consideração com outros não pode concorrer com a minha retórica, além do que a felicidade não pode ser só isso. A felicidade é a sua consciência limpa com um lugar no mundo. O meu lugar está sujo com a sua previsibilidade. Procure alguém que não gosta de inventar a vida; vá e construa a própria cegueira e a distração do que passa quando você apenas existe na sua nulidade.
O resultado já está se mostrando. Você não ganha mais de mim o olhar que dizia ser a ausência da sua exclusividade insuportável. Posso sentir o quanto o amor é irreal, é a própria distração. Estamos bem, vivemos o mundo nas suas expectativas, procuramos os sentimentos pra nos vermos como imortais nas lembranças. Como te engana sofredor! Não ver que estando em busca frenética corre o risco de encontrar com a ideologia de que sua vida só merece ser experimentada? A tolice do mundo é se fazer crente de uma forma desumana de se tratar o que a civilização acha ser o rumo fatal do percurso.
Mostre-se pra mim até que eu veja sua imagem comum, grite pra mim até que eu ouça sua voz como um ruído no lugar que não quero e nem me interesso. Faça-me crer que realmente posso sentir a aspereza do mundo sem essa dependência. Ah meu amor nem sei mais lhe chamar assim. Agora sinto que se tornastes pra mimo próprio anonimato e a cópia fiel que o mundo alardeia de norte a sul como destino de não se poder ter outro rumo senão o de experimentar a aspereza de um lugar que não pode me manter.
Poderei estar seguro da escolha que faço quando também me fizer crer que sou um inventor. Foi tudo que pedi que fosse; era coisa muito complexa pra quem vive da mediocridade e aceita esse empirismo.
Pedi com a vontade de ser isso tudo que foi embora o choque mais perfeito do mundo. A força de sua descarga elétrica a todo meu redor sempre foi a mesma até que um dia você se cansou antes de saber que estava cansado. O mundo lhe disse que estava cansado, o amor era poder seguir quando se estava exausto tendo como anexo dessa vil situação, o abandono.
Criatura previsível, sujeita ao desejo unânime de desestabilizar-se pra poder sentir a vida comum. Não quis que aderisse a tal concepção; eu tenho a vida nas mãos e posso garantir que um desejo assim só pode existir quando seu amor não é seu. Seu amor é frágil e está condenado ao desejo violento de querermos ser gente só quando seguimos em direção ao que nos esgotará até parecermos descartáveis.

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